06 abril 2010

Pintando as Sete...

Parece que a anfetamina do chocolate não me manteve em alerta nesse feriadão. Mesmo sem ter NADA para fazer (já tinha adiantado as pendências da faculdade até o dia 1º), a preguiça me impediu de manter minha frequência de postagens aqui no 1/3. Peço desculpas aos meus inúmeros seguidores (que mal há em ser otimista?) e garanto que, daqui pra frente, manterei o ritmo de antes...5 dias depois...estou aqui de novo!!

Como eu ouvi de alguém que não me recordo agora, "na vida nada se cria, tudo se copia". Por isso, vou aproveitar um dos assuntos da prova que tenho hoje na faculdade para discutir um pouco sobre os sete tipos de arte com vocês. Sete, com a incorporação do cinema, que se aproveitou do rótulo (bem vindo) de sétima arte para desempenhar um papel importantíssimo no universo cultural mundial, mas também para contribuir para a indústria cultural e a disseminação da cultura de massa numa proporção que nenhum tipo de arte havia feito antes.

Para melhorar a didática, acho mais prudente começar pelo começo. No início do século XX, o italiano Riccioto Canudo redigiu o "Manifesto das Sete Artes", em que dissertava sobre uma possível classificação das inúmeras manifestações artísticas que acometem o homem desde a antiguidade. O ensaísta chegou a conclusão de que há sete tipo de artes, através da análise do comportamento humano diante de uma obra. Esta classificação se tornou tão importante a ponto de permanecer, até hoje, como paradigma do ensino das artes.

Para ele, a primeira das artes é a MÚSICA, desenvolvida através dos sons provenientes da natureza, como o estalar de um galho seco ao vento, o zumbido agudo dos redemoinhos, o borbulhar das águas revoltas e as inúmeras onomatopeias que compõem a fauna. É através destes sons que o homem pré-histórico é estimulado a se movimentar, imitando as ações dos agentes naturais, criando, assim, a segunda das artes: a DANÇA. Não apenas através das imitações dos ciclos de movimentos da natureza, mas também pelo aprimoramento dos movimentos humanos primitivos, como a arte da caça, o homem desenvolve sua capacidade de se relacionar em grupo, culminando na prática das apresentações públicas.

O início das relações interpessoais faz com que a reduzida sociedade se organize e pense em questões antes inúteis, como o registro e a perpetuação de suas práticas, para que novas gerações tivessem consciência do que seus antepassados haviam feito. Surge a PINTURA, a teiceira arte, que se desenvolve com a criatividade e materiais disponíveis, como sangue de animais, extratos de plantas, corantes naturais etc., materializados, principalmente, nas paredes das cavernas (local mais seguro contra as chuvas e intempéries da natureza).

A dimensão, palavra até então desconhecida, e o volume, idem, são descobertos através da quarta arte, a ESCULTURA, que chega para dar mais realidade ao registro das ações cotidianas da sociedade. Ex: a partir da descoberta da escultura, poder-se-ia "manusear" como foi a famosa caça a um mamute arisco tão falada na comunidade em que viviam, que acontecera anos antes com seus antepassados, por exemplo.

A partir do desenvolvimento da fala e da escrita, busca-se novos meios de registro dos momentos importantes. A memorização de narrações orais é uma característica valorizada, o que resulta na quarta arte: a POESIA ou LITERATURA, duas vertentes da cultura escrita e oral, que propõem a disseminação dos acontecimentos através de discursos poéticos e/ou literários, implementando o simples registro estático dos atos.

Num estágio já avançado das comunicações interpessoais, é a hora de dissipar as interpretações do cotidiano através de representações artísticas, ou de TEATRO, a sexta arte. A população, desconhecedora da realidade de povoados vizinhos, tem a oportunidade de conhecer um pouco do cotidiano de seus semelhantes através das peças.

Muitos anos depois (pulo de muitos anos antes de Cristo até o fim do século XIX), surge a chamada sétima arte, o CINEMA, responsável por reunir, numa só obra, todas as outras vertentes artísticas, numa convergência bem sucedida. Como subentendido no início do texto, a sétima arte, além de representar novas perspectivas artísticas, peca no distanciamento da produção de arte e na aproximação de um simples produto comercial, industrial, que lota as salas de cinema, vende muito, tem uma qualidade técnica excepcional, mas não garante o vislumbramento e a catarse que as outras seis artes propiciam.

É claro que quando exploro esse nicho de mercado não generalizo. Estou me referindo à apenas aqueles que não compreendem o verdadeiro sentido do cinema, criando novos lixos culturais que se auto proclamam cinema de qualidade.

As sete formas de arte se construíram ao longo da história na tentativa de sintetizar os sentimentos humanos, de materializar os momentos de glória, fracasso, alegria e tristeza dos seres, de concretizar aquilo de mais subjetivo e sublime que existe dentro de cada um de nós. Será que a contagem continua? Existirão a oitava, nona, décima artes?

P.S.: TOP 1/3 com problemas. O filme Asas (1928) ainda não foi localizado...aguardem!!

4 comentários:

Jarassaí Zamonari disse...

Finalmente passei para conhecer o 1/3. Que tipo de chocolate é esse? Os que eu conheço possuem serotonina, mas anfetamina é novidade mesmo!!!

Gui Barreto disse...

Oi Jara!!! Passando pra explicar: todos os tipos de chocolate possuem um tipo de anfetamina chamada feniletilamina, responsável por estimular o aumento da produção de serotonina pelo nosso corpo. Para de me confundir...srsrsrsr...bjo

Jarassaí Zamonari disse...

Oi Guí, pois é eu percebi o erro ontem a noite e fiquei louca para corrigir, mas só agora deu tempo. Pensei: É o nosso corpo que produz a serotonina, então faz sentido que o chocolate tenha anfetamina ou algo parecido que estimule a produção desse hormônio.Assumo aqui: "Mea Culpa". Beijo.

Claudinha ੴ disse...

Gui! Você sempre se deu bem nas artes e vejo que continua! Sorte e talento você tem de sobra. Eu vejo arte e poesia em tudo. Seu texto está maduro meu menino! Beijos! Saudades!