31 março 2011

TOP 1964 - As Aventuras de Tom Jones

Peço licença para voltar um pouquinho no tempo até o Oscar de 1964, quando um dos grandes sucessos do ator Albert Finney levou para casa a estatueta-mor da cerimônia (para quem não se lembra, Finney ultimamente participou de filmes como Traffic, Peixe Grande, O Ultimato Bourne e Erin Brockovich). As Aventuras de Tom Jones narra a história de um garoto pobre (Jones) que, abandonado, é encontrado por uma família nobre do século XVIII e criado até a idade adulta. Por carga genética (ou não – pois não se sabe quem é seu pai) Tom se torna exageradamente mulherengo, usando as mulheres do reino a seu bel-prazer e inclusive atrapalhando os planos da aristocracia local. De repente conhece Sophie Western (Susannah York), por quem se apaixona e tem de conter seus instintos para viver esse amor, fardo duro para o galinha Tom Jones.

O roteiro é simplório, sem grandes pretensões ou complexidades. O que se vê é o que se passa na tela. A caracterização dos personagens é extremamente caricata, fazendo com que a trama se torne inverossímil e boba. Não há identificação com o espectador, que espera uma história digna de vencer o Oscar, e não mais uma comédia de costumes que pretende divertir com piadas preconceituosas, de baixo calão, alusivas ao sexo e artifícios que usam o corpo para prospectar uma possível audiência.

Se não fosse a técnica apurada e super original, a obra seria um total fracasso (pelo menos dentro do meu conceito de cinema de qualidade). Do início ao fim, artifícios inovadores de transição de cenas, trilha sonora e angulações de câmera são utilizadas freneticamente, como uma compensação pela mediocridade do roteiro. Toda a estrutura imagética do longa me remeteu a outras influências cinematográficas, principalmente da época do cinema mudo. Essa influência pode ser constatada certeiramente no prólogo da produção, quando a infância de Tom Jones é contada em preto e branco, por meio de telas negras com legendas, assim como era feito nos primeiros filmes mudos realizados, ao melhor estilo irmãos Lumière e Grifitth.

Por incrível que pareça (já que acho o filme analisado o pior entre os vencedores do Oscar de todos os tempos), As Aventuras de Tom Jones conquistou, além de Melhor Filme, os prêmios de Melhor Diretor, Roteiro Adaptado (um absurdo) e Trilha Sonora (pode até ser). Antes, no entanto, teve de concorrer com quatro outros longas (sinceramente: nenhum merecedor do prêmio): Cleópatra (Cleopatra), Uma Voz nas Sombras (Lilies of the Field), América, América (America, America) e A Conquista do Oeste (How the West Was Won).

OBS: Só para constar, retomei o filme vencedor de 1964 pois não havia conseguido assisti-lo na época em que estava vendo os filmes da década de sessenta.

AS AVENTURAS DE TOM JONES (TOM JONES)
LANÇAMENTO: 1963 (EUA)
DIREÇÃO: TONY RICHARDSON
GÊNERO: COMÉDIA/ AVENTURA
NOTA: 6,0

Um comentário:

Tô Ligado disse...

Então vc é um bom pagador de promessas?! Posso registrar sua vinda aqui?