22 novembro 2012

DDF3. A Lagoa Azul

DDF3. Um filme que passe na Sessão da Tarde e que você adora



Antes da era dos blockbusters e dos downloads, o principal termômetro para a popularidade dos filmes-pipoca era a Sessão da Tarde. Criada há 38 anos pela Rede Globo, o programa diário elegeu algumas produções e as popularizou como verdadeiros clássicos vespertinos, repetindo a exibições incansavelmente. Entre eles, não ficam de fora Esqueceram de Mim, Ghost - Do Outro Lado da Vida, Uma Babá Quase Perfeita, De Volta para o Futuro, entre outros. 

Mas quem passou as tardes das décadas de 80 e 90 em frente ao plim plim não tem como esquecer de A Lagoa Azul. A trama, lançada em 1980, já está impregnada no imaginário popular como símbolo cinematográfico da infância. Na história, Emmeline e Richard Lestrange (Brooke Shields e Christopher Atkins, respectivamente), duas crianças da aristocracia vitoriana, pensam estar em um verdadeiro pesadelo ao naufragarem em uma ilha paradisíaca ao sul do Pacífico. 

O instinto, no entanto, fala mais alto, e os protagonistas aprendem sozinhos a sobreviverem em meio àquele ambiente. Constroem a própria casa, um verdadeiro forte contra ventos e chuvas, viram-se bem com a alimentação e aprendem a superar o medo da  floresta. Anos depois, já adolescentes, um desafio ainda mais difícil precisa ser superado: as mudanças corporais causadas pela puberdade e o amor que começa a nascer entre eles. 

Indicado ao Oscar de Melhor Fotografia, A Lagoa Azul pode até não ser um clássico, na definição oficial do termo, mas enlevou gerações com sua narrativa ingênua e o alto grau de erotismo. Que criança daquela época nunca ansiou por ver os corpos nus de Brooks Shields e de Christopher Atkins em uma época em que a pornografia era velada socialmente, mas liberada na arte? 

De meados dos anos oitenta até o início dos 90, era comum se ver na televisão aberta programas com conteúdos impróprios para todas as idades sendo exibidos no meio da tarde, como acontecia com o Contos da Cripta, na Rede Bandeirantes, ou com a novela Xica da Silva, na Manchete. Fica a dúvida: será que os programas é que eram impróprios ou imprópria é a consciência coletiva da sociedade atual, na qual o Google oferece muito mais pornografia do que todos esses programas juntos e não é fiscalizado?

É impensável a exibição do conteúdo sem cortes de A Lagoa Azul nos dias politicamente corretos de hoje. A Sessão da Tarde ainda não o esqueceu, mas exibe a produção com uma frequência cada vez mais escassa e com cortes mais abruptos. O que também pode justificar este ostracismo é a falta de atratividade do filme, que hoje não diz quase nada para o público jovem. 

A liberdade sexual e valores como o desprendimento material e a formação familiar que A Lagoa Azul prega foram importante em um determinado período histórico, mas deixaram de ser atraentes se expostos da mesma forma. Felizes aqueles que puderam viver a magia deste filme, que puderam conversar de maneira inigualável com a sua narrativa e que dividiram com Emmeline e Richard as descobertas da vida.

A LAGOA AZUL (The Blue Lagoon)
LANÇAMENTO: 1980 (EUA)
DIREÇÃO: Randal Kleiser
GÊNERO: Romance/Aventura
NOTA: 7,5

2 comentários:

Tô Ligado disse...

Saudades da época que passava 4x ao ano na sessão da tarde...

renatocinema disse...

Amo os clássicos da Sessão da Tarde..Os Goonies, Curtindo a Vida Adoidado..............etc.