11 dezembro 2012

DDF 5. Os Bons Companheiros

DDF5. O melhor filme de seu diretor favorito


A qualidade de Os Bons Companheiros (Goodfellas) já começa na ironia utilizada no título do filme. Os integrantes da máfia italiana de um bairro de Nova York são pintados como companheiros, como se realmente a amizade fosse o primeiro sentimento presente neste tipo de relação. Ela pode até existir, desde que sobrepujada por um instinto de sobrevivência individual de cada criminoso (pelo menos é o que as produções cinematográficas voltadas a esse universo contavam até então).

A grande sacada do roteiro de Os Bons Companheiros é permitir com que os relevos da vida dos mafiosos sejam narrados por um admirador dos gangsteres inapto para o crime. Em off durante a extensão da obra, o pupilo da máfia Henry Hill (Ray Liotta), vizinho do QG dos Goodfellas, traz sua perspectiva sobre os anseios, conquistas e tristezas dos criminosos durante sua ascensão "profissional". 

Apesar dos bônus trazidos pela vida criminosa, o deslumbramento inicial de Hill aos poucos vai perdendo sentido quando os lucros financeiros, os favorecimentos e a proteção dão lugar à desconfiança de todos e ao perigo de simplesmente existir enquanto mafioso. Quem antes passava a mão na cabeça daquele adolescente franzino e delicado agora apontava a arma para a sua cabeça por motivos banais.

É em meio a essa tensão absoluta e continuada que o espectador é convidado a conhecer, sempre da perspectiva discipulada do protagonista, os outros bons companheiros. As principais e mais perigosas peças do jogo são Paul Cicero (Paul Sorvino), Tommy DeVitto, que deu a Joe Pesci a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante no Oscar de 1991, além do chefe da máfia Jimmy Conway, interpretado brilhantemente por um vigoroso Robert de Niro.

Por falar nele, é em parceria com De Niro que Martin Scorsese chega ao auge cinematográfico em suas produções sobre a máfia. Pode-se dizer que os dois companheiros de set protagonizaram uma das duplas mais acertadas e talentosas do cinema moderno. Assim como Johnny Depp e Tim Burton ou Woody Allen com suas amadas protagonistas louras, De Niro e Scorsese deram vida à máfia de maneira crua, despida de pudores ou máscaras hipócritas, e nos presentearam com grandes obras.

Destaco Os Bons Companheiros pela demonstração maestral do que é o fazer cinematográfico em um enredo de difícil fruição devido à distância com que a máfia se encontra da maioria dos espectadores. Scorsese consegue se embrenhar neste universo de maneira plena e elevar à máxima potência a percepção do público de quão dúbias podem ser as sensações que o crime gera em quem participa direta ou indiretamente dele.

A concepção técnica da direção de Os Bons Companheiros é outro salto nos olhos de quem o vê. Ao brincar com invenções narrativas contemporâneas, Scorsese inaugura técnicas de contar histórias violentas no cinema repetidas por grandes diretores no futuro, como Quentin Tarantino e Danny Boyle. Quem não se lembra da narração explicativa em off  conjugada ao congelamento da imagem no clímax da cena ou dos planos fechados que evidenciam, de acordo com o momento da história, a pouca ou maior importância dos personagens? É Scorsese fazendo escola!

OS BONS COMPANHEIROS (Goodfellas)
LANÇAMENTO: 1990 (EUA)
DIREÇÃO: MARTIN SCORSESE
GÊNERO: MÁFIA
NOTA: 9,8

3 comentários:

renatocinema disse...

Amigo......descobrir seu site e dar de cara com um texto sobre Os Bons Companheiros é dar mel para abelha......


Adoro esse filme. Um dos 3 melhores do mestre Scorsese....Outro belo resultado de sua parceria com Don De Niro. abs

Tô Ligado disse...

Scorsese.... De Niro. Um casamento perfeito.

Anônimo disse...

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